Nos dias 17 e 18 de junho, o CRP-RJ participou, em Belo Horizonte, Minas Gerais, do I Seminário de Promoção da Saúde e Cidadania no Trânsito. O Seminário foi organizado pela Comissão Intersetorial de Controle e Prevenção de Acidentes de Trânsito, uma organização formada por representantes políticos, instituições de ensino e sociedade civil organizada, entre outras entidades de Minas.
Um dos objetivos do Seminário foi determinar diretrizes para a elaboração de políticas públicas voltadas para a construção de uma cultura de paz e de cidadania no trânsito, ressaltando a necessidade de as ações implementadas serem contínuas.
De acordo com a psicóloga Claudete Sousa (CRP 05/35806), colaboradora do CRP-RJ, a realização do Seminário permitiu aos participantes o “estabelecimento de redes, de troca de informações e uma articulação entre os diversos setores da sociedade, “além de ter provocado inúmeras inquietações sobre as naturalizações que, de maneira recorrente, vivenciamos em nosso cotidiano”.
Marta Maria Silva, coordenadora da Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violência e Acidentes, do Ministério da Saúde, afirmou que, só no ano de 2006, foram registradas 35.155 mortes por acidentes de trânsito no país, das quais 82% eram homens. De acordo com Marta, 40% dos casos concentram-se na Região Sudeste. Ela ressaltou, ainda, que as lesões e mortes no trânsito podem ser evitadas.
Elza Machado de Melo, coordenadora do Núcleo Saúde e Paz, da Faculdade de Medicina da UFMG, afirma existir no Estado uma incidência significativa de acidentes envolvendo ônibus e motocicletas (moto-fretes). No primeiro caso, segundo Elza, os acidentes ocorrem em sua maioria por conta do alto nível de fadiga e estresse dos motoristas que se submetem à realização ininterrupta de horas extras de trabalho e abdicam inclusive de suas férias; em relação aos moto-fretes, é comum que os empregadores exijam de seus funcionários entregas em curtos períodos de tempo, o que justifica o excesso de velocidade registrado entre motociclistas. Diante desses dados, Elza inclui como participantes fundamentais na discussão de políticas para o trânsito as empresas de transporte público e as empresas privadas prestadoras dos referidos serviços à comunidade.
Os participantes trouxeram experiências de seus estados, destacando os trabalhos de conscientização realizados com jovens, oficinas destinadas aos próprios agentes de trânsito, campanhas e programas, como o desenvolvido no município de Campinas, São Paulo, no qual agentes comunitários de saúde incorporam orientações de segurança no trânsito para famílias participantes do Programa de Saúde da Família.
Roberto Marini Ladeira (Gerente de Estratégia e Informações do Hospital João XXIII/FHEMIG) afirma ser o trânsito uma questão de saúde pública e que sua discussão deve ser incluída na agenda da cidade.
Durante o evento, foram apresentados alguns programas dos estados de MG, SP e RS, que viabilizam espaços de discussão, envolvendo todos os segmentos da sociedade na promoção de ações de educação. Tais programas têm como preocupação não apenas o trânsito, mas a construção no indivíduo de um espírito cidadão, crítico, solidário e de comprometimento social.
25 de junho de 2008