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CRP-RJ realiza atividades em Campos


Data de Publicação: 12 de maio de 2008


Continuando suas ações em prol da Educação Inclusiva, a Comissão de Educação do CRP-RJ realizou, no último sábado, dia 10 de maio, um debate em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Com o tema “Práticas e Desafios na Educação Inclusiva”, o evento contou com a participação das psicólogas Luciana Gonçalves, da Secretaria Municipal de Educação de Campos (SMEC), Ana Paula Barbosa, da Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais (APOE), e Mariana Fiore, membro da Comissão de Educação do CRP-RJ. A psicóloga Fernanda Brant, conselheira da Comissão de Educação, foi a mediadora da mesa.

Palestra realizada em Campos dos Goytacazes continua as ações do Conselho em prol da Educação Inclusiva.

Palestra realizada em Campos dos Goytacazes continua as ações do Conselho em prol da Educação Inclusiva.

Mariana abriu a palestra colocando a questão da problematização do rótulo. Segundo ela, as crianças estão perdendo sua identidade ao serem classificadas por suas supostas “patologias”. “Não dá para fazer clínica em sala de aula nem na escola. Você exigir que o professor tenha um olhar diagnosticante para o aluno é perder toda a potencialidade desse professor”, afirmou.

A psicóloga também apresentou ao público uma proposta do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, que considera a heterogeneidade do alunado, mas apresenta alguns problemas. Um exemplo é a questão das “salas de recursos”. “Eu me questiono: se há uma sala de recursos, as outras não têm recursos? Não deveríamos ter salas com recursos para todas as crianças, especiais ou não?”, disse.

O mesmo ocorre com as classes especiais. “A proposta diz que as salas especiais só existirão quando não for possível o atendimento nas classes comuns. Mas por que não é possível? Temos que nos perguntar isso, não andar para trás”, acrescentou.

Mariana também chama a atenção para a forma como devem ser feitas a adaptação curricular – que, para ela, “só pode ser eficiente se levar em conta as singularidades, especificidades e limitações pedagógicas de cada aluno” – e a capacitação de professores. “O que vemos hoje em termos de capacitação são reproduções de discursos biomédicos em sala de aula, professores que reconhecem remédios, diagnósticos, síndromes. Será que é essa a capacitação de que precisamos?”.

Em seguida, Luciana Gonçalves falou sobre o projeto “Eqüidade e Cidadania”, da SMEC, que, através de uma equipe de psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, apóia diretamente o professor especializado para trabalhar na sala de recursos, além de acolher e orientar toda a comunidade escolar. “A definição da necessidade educacional especial nos leva a pensar que é necessário que, em vez de focalizar a deficiência da pessoa, sejam destacados seus potenciais. Sendo assim, neste projeto defendemos que a educação inclusiva é uma vertente da inclusão social e, para a alcançarmos, é necessário não apenas o cumprimento estrito das leis, mas o exercício da crítica em nossa prática cotidiana”.

Para esse exercício de crítica, segundo a psicóloga, é preciso fazer uma discussão de textos e conceitos teóricos. O chamado “efeito Foucault”, estudado pela psicóloga e conselheira do CRP-RJ Cecília Coimbra. “O estudo sobre ‘efeito Foucault’ é sobre como acabar com as separações. Estamos sempre dicotomizando tudo: ‘aqui é a classe regular’, ‘aqui é a sala de recursos’. Os discursos são novos, mas não as práticas. Falamos em incluir a criança, mas continuamos com a prática de exclusão com a classe especial”, declarou.

A última palestrante, Ana Paula Barbosa, falou sobre o Projeto de Qualificação e Inserção de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, da Apoe. O trabalho consiste em ensinar a jovens com deficiência mental ou auditiva as profissões de auxiliar administrativo e empacotador, com simulações de supermercado e escritório, por exemplo.

“Esse projeto surgiu da idéia de inserir esses jovens, que nós víamos que tinham potencial, no mercado de trabalho. A primeira barreira era a da família, que não via esse potencial”, explicou. “Nossos objetivos são promover a dignidade desses jovens, com o exercício dos seus direitos conquistados na sociedade e envolver as famílias no projeto de forma a resgatar a auto-estima delas e de seus filhos”.

Segundo Ana Paula, o projeto conta com uma equipe interdisciplinar. “Nós não podemos descobrir as potencialidades se trabalharmos sozinhos. Cada um tem seu papel”. A psicóloga completou que o trabalho consiste no fato de que “não podemos nos acostumar com o que estamos vivenciando e não concordamos”.

Equipe do CRP-RJ atendeu psicólogos da região

Paralelamente ao debate, a equipe do CRP-RJ prestou atendimento aos psicólogos de Campos e adjacências. Na parte da manhã, foi feita a entrega de carteiras de novos inscritos. Em seguida, a conselheira Fernanda Brant realizou uma palestra para explicar aos novos psicólogos o funcionamento do CRP-RJ, as funções de cada comissão e as principais resoluções do Conselho federal de Psicologia (CFP). Ela também chamou a atenção para os direitos e deveres dos profissionais da Psicologia.

A conselheira Fernanda Brant explicou o funcionamento do CRP-RJ, chamando a atenção para os direitos e deveres dos   profissionais da Psicologia.

A conselheira Fernanda Brant explicou o funcionamento do CRP-RJ, chamando a atenção para os direitos e deveres dos
profissionais da Psicologia.

Outro ponto abordado foi a atuação da gestão atual (XII Plenário) “Os princípios da atual gestão são a prática de democratização das decisões, a transparência no uso dos recursos, o compromisso com práticas solidárias e inclusivas, a participação nos movimentos sociais, a observância dos Direitos Humanos e os debates em torno do Código de Ética dos Psicólogos”, explicou a conselheira.

Em seguida, Fernanda tirou dúvidas dos psicólogos sobre suas práticas. O tema mais debatido foi a importância de denunciar ao CRP-RJ quaisquer irregularidades que chegarem ao conhecimento dos psicólogos. Um exemplo prático abordado foi a aplicação de testes psicológicos por profissionais de outros campos, como psicopedagogos sem formação em Psicologia que atuam nas escolas.

Na parte da tarde, enquanto ocorria a mesa redonda, os profissionais do CRP-RJ continuaram prestando atendimento aos psicólogos, tirando dúvidas e fazendo inscrições.



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