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Violência na mídia é debatida no terceiro dia de Seminário


Data de Publicação: 30 de junho de 2007


No terceiro dia do Seminário Mídia e Psicologia, uma das mesas mais concorridas foi a mesa “Questões da Violência”. Composta por Andréia Mendes do Santos, pesquisadora do Núcleo de Estudos e pesquisa em Violência da PUC-RS; Paulo Roberto Gibaldi Vaz, professor da Escola de Comunicação da UFRJ, e Vera Malaguti Batista, socióloga do Instituto Carioca de Criminologia, a mesa foi coordenada pela jornalista Cláudia de Abreu e discutiu a influência da mídia na divulgação e produção da violência.

 1-violencia-na-midia-e-debatida-no-terceiro-dia-do-seminario01Andréia foi a primeira a falar, comentando sobre como a propaganda e a valorização do consumo provocam a violência. “A criação do desejo e o aumento do leque de necessidades provoca mais e mais frustrações. Por isso, provocam a violência. Não só a violência óbvia do roubo para obtenção daqueles produtos, mas uma violência invisível, que viola os desejos dos próprios indivíduos”. Ela afirmou ainda que a rapidez com que os desejos produzidos mudam está influenciando também a relação entre as pessoas e conseqüentemente as relações sociais: “Assim como, quando compramos um produto, logo queremos outro, nossas relações com outras pessoas também estão ficando fluidas e exigindo mudanças o tempo todo”.

A mesa “Questões da Violência” discutiu a influência da mídia na divulgação e produção da violência.

A mesa “Questões da Violência” discutiu a influência da mídia na divulgação e produção da violência.

Paulo falou sobre o discurso do risco na imprensa e de como ele provoca um aumento no autoritarismo do estado. Segundo ele, hoje a mídia provoca um medo do crime em geral e apenas dá uma saída conservadora para ele: a repressão. “A mídia constrói um estereótipo do criminoso como desumano. Assim, a violência praticada contra ele passa a ser permitida. Fica esta idéia maluca de que ao matar o criminoso, estamos matando o crime”. Ele salientou a idéia reforçada pela mídia de “vítima virtual”: “Qualquer evento que acontece é vendido como se pudesse ter acontecido com qualquer outra pessoa, como se fosse acontecer novamente e como se pudesse ter sido evitado. Isso aumenta o medo e faz as pessoas exigirem uma repressão maior aos ditos criminosos”.

Vera concordou com Paulo quanto à construção de um estereótipo de criminoso e afirmou que hoje a mídia justifica atos violentos contra eles. “O que estamos vendo é a construção de uma ‘manufatura do consentimento’. Há genocídios acontecendo aqui mesmo na cidade do Rio de Janeiro e a população acredita que eles acontecem para o seu ‘bem estar’”. Ela chamou atenção para as “técnicas de neutralização” usadas pela mídia que permitem esse movimento. “A partir destas técnicas, a brutalidade faz sentido por si. As pessoas passam a não se identificar com o criminoso, por isso permitem massacres como o que estamos vendo agora para a ‘segurança’ do Pan-Americano”.

O Seminário Nacional de Mídia termina hoje, 30 de outubro, às 18h.



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