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Saúde Mental do Rio comemora Dia da Luta Antimanicomial


Data de Publicação: 23 de maio de 2007


No dia 16 de maio, o CRP-RJ, em parceria com a Fundação Municipal de Saúde de Niterói, realizou o evento A Reforma em Cena – Comemoração do Dia da Luta Antimanicomial 2007. O evento, que contou com o apoio da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Espaço Terapêutico Antonin Artaud e do Ponto de Cultura Alice, Prepara o Gato!, reuniu psicólogos, estudantes e usuários dos serviços de saúde mental do Rio e de Niterói.

Propondo a integração entre pacientes, profissionais da saúde e familiares, o Reforma em Cena levou ao Teatro da UFF, em Niterói, grupos de música, teatro e vídeos com a participação de usuários de serviços de saúde mental. O Pirei na Cenna, do Centro de Teatro do Oprimido, se apresentou com a proposta de levar ao público situações de opressão enfrentadas no dia a dia por pacientes que sofrem de transtornos mentais. O grupo encenou situações representando os dilemas enfrentados por familiares, como o uso adequado e a dependência de medicamentos no tratamento de transtornos psíquicos. Os presentes foram chamados ao palco, a fim de se colocarem no lugar dos pacientes, propondo soluções e discutindo saídas para problemas comuns entre usuários dos pacientes, familiares e psicólogos.

Apresentação da peça Ponto Cego, do grupo de   teatro Os Nômades.

Apresentação da peça Ponto Cego, do grupo de
teatro Os Nômades.

O Grupo de Teatro Os Nômades apresentou a peça Ponto Cego, apresentando reflexões existenciais do homem contemporâneo. Também participaram do evento Maritelma Vieira, coordenadora de Saúde Mental da Fundação Municipal de Niterói, Walter Melo (CRP 05/19407), Conselheiro do CRP-RJ, Eliana Guimarães Santos, Presidente da Associação de Usuários, Familiares e Amigos da Saúde Mental de Niterói (AUFA) e o Secretário de Direitos Humanos de Niterói, Leonardo Brandão.

Maritelma disse que o fato de o evento ser realizado em uma universidade pública significava uma conquista de cidadania pelos usuários dos serviços de saúde mental: “Este evento marca que a responsabilidade da atenção psiquiátrica deve ser compartilhada com outros segmentos da sociedade e não só com os dispositivos das equipes de atenção à saúde”, afirmou. O

Os palestrantes enfatizaram a conquista de cidadania pelos usuários dos serviços de saúde mental.

Os palestrantes enfatizaram a conquista de cidadania pelos usuários dos serviços de saúde mental.

Secretário de Direitos Humanos de Niterói também afirmou a importância do evento, destacando a importância dos governos na questão de saúde mental: “A questão da saúde mental é uma questão de Estado. É importante que o Estado esteja junto, apoiando estas iniciativas como o evento de hoje”, disse.

Durante a tarde foram exibidos os vídeos ‘Pare, Olhe, Escute” e “Os Três Mosquiteiros”, do Ponto de Cultura Alice, Prepara o Gato!, o vídeo “Os Nômades”, do Espaço Terapêutico Antonin Artaud e o vídeo “O Risco”, de Bernardo Gebara e Renato Andrade. O evento ainda contou com a participação do grupo de música Harmonia Enlouquece, que se apresentou no início da noite. A psicóloga Lorenna Figueiredo (CRP 05/25396), do Ponto de Cultura Alice, Prepara o Gato!, de Niterói, destacou que os trabalhos do Ponto de Cultura são abertos à comunidade e não apenas aos pacientes: “Temos uma turma bastante heterogênea”, afirmou.

 Mesa redonda discutiu o sistema de manicômios e a aplicação de políticas públicas na área de saúde mental.


Mesa redonda discutiu o sistema de manicômios e a aplicação de políticas públicas na área de saúde mental.

Lorenna participou de uma mesa redonda, ao lado de Ana Carla Silva (CRP 05/18427), colaboradora da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ e Suely Azevedo, Diretora Técnica Assistencial do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba. Elas discutiram o sistema de manicômios e a aplicação de políticas públicas na área de saúde mental.

Suely afirmou que, em Niterói, há grande dificuldade na relação entre sistema de saúde mental, hospitais e outras instituições públicas. Segundo ela, ainda há a concepção consolidada de que os manicômios sejam a solução para portadores de transtornos mentais: “Ano passado começamos com a idéia de ‘partir para a cidade’. Resolvemos fazer um grupo de trabalho. Foi um caminho interessante. Mas ainda é muito difícil a relação com o Ministério Público, com o INSS. Em nossa última reunião, foi difícil entender a visão do INSS em relação à concessão de um benefício para um paciente nosso”, disse Suely. “Nossas políticas públicas são muito fragmentadas”, concordou Ana Carla.

Exposição “Olhares (in)conscientes” apresentou trabalhos de artistas revelados durante as oficinas culturais de instituições de saúde menta.

Exposição “Olhares (in)conscientes” apresentou trabalhos de artistas revelados durante as oficinas culturais de instituições de saúde menta.

Suely afirmou que “para a desconstrução do dispositivo manicomial” há necessidade do enfrentamento de posições clínicas: “Devemos estranhar projetos terapêuticos que não respeitem as particularidades de cada um”. Ela ainda questionou a existência de leitos para longa permanência de usuários. Lorenna disse que, para o senso comum, “lugar de doido é no hospício”. Carla interveio, dizendo que a idéia não é exclusiva do senso comum: “É uma idéia lato sensus”, criticou.

“Às vezes, demoram anos para fazermos com que a família e os vizinhos compreendam que o hospital psiquiátrico não é o lugar para o usuário. Ali não é a casa dele”, disse Suely.

 

Centro de artes da UFF expõe trabalhos artísticos de pacientes

Paralelamente ao Reforma em Cena, teve início, na Galeria do Centro de Artes UFF, a exposição “Olhares (in)conscientes”, com trabalhos de artistas revelados durante as oficinas culturais realizadas em instituições de saúde mental de Niterói.

A exposição permanece na Galeria até o dia 25 de junho. O Centro de Artes UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói. Outras informações, na página do Centro de Artes.



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