A Sociedade Argentina de Psicologia em Emergências e Desastres realizará entre os dias 21 e 23 de março, em Buenos Aires, o “Encontro Internacional Psicologia das Emergências e Desastres – Comunidade e Instituições na Redução de Desastres”. O Encontro tem como objetivo discutir a inserção do psicólogo em situações de emergências e de ameaça à vida humana, bem como compartilhar experiências de trabalho com comunidades afetadas por desastres.
Profissionais com experiência na área discutirão a ação dos psicólogos em situações de risco, como enchentes, incêndios, terremotos, desastres aéreos, entre outros problemas considerados centrais na América Latina. O Encontro, que é destinado a psicólogos, médicos, comunicadores, estudantes, lideres comunitários e profissionais da área de segurança e resgate, contará com a participação de palestrantes de países como Chile, Peru, Brasil, México e Cuba. Para se inscrever, acesse o site do evento.
Marcus Vinícius Oliveira, vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), participará como palestrante do evento e falará sobre a necessidade da criação de perspectivas latino-americanas para a Psicologia das Emergências e Desastres. Segundo o psicólogo, a psicologia deve atuar em momentos delicados, que não competem aos profissionais de socorro da Defesa Civil ou dos Corpos de Bombeiros: “O psicólogo entra em ação para ajudar o morador a sair de sua casa, que pode estar em uma área de risco. Ele trabalha em situações de stress pós-traumático, deve dar assistência a pessoas que, muitas vezes, perdem tudo que possuem. A vida dessas pessoas passa por uma série de transformações, são momentos muito angustiantes”.
O Encontro Internacional na capital argentina dará continuidade ao debate iniciado no 1° Seminário Nacional: “Psicologia das Emergências e Desastres; Contribuições para a Construção de Comunidades Mais Seguras”, realizado pelo CFP, em parceria com o Ministério da Integração Nacional e a Defesa Civil, em Brasília, em junho do ano passado.
Pedro Paulo Bicalho, Conselheiro-Tesoureiro do CRP-RJ, participou do evento em Brasília. Ele afirma que a discussão do tema vem crescendo no país e que, no Rio de Janeiro, o debate em torno da questão “emergências e desastres” foi alavancado pela criação, em 2002, do quadro de oficiais psicólogos da Polícia Militar e Bombeiro Militar. Segundo Pedro Paulo, o tema precisou ser discutido não só pela atuação daqueles profissionais como também pela participação dos psicólogos da Polícia e do Corpo de Bombeiros em seminários, congressos e encontros.
“Além disso, alguns oficiais entraram em pós-graduações e escreveram monografias, dissertações e teses, contribuindo para o desenvolvimento científico e visibilidade das questões colocadas na esfera do trabalho. Este foi o meu caso, em relação à minha tese de Doutorado”, diz Pedro Paulo, que foi 1º Tenente Psicólogo da Polícia Militar do Estado do Rio.
De acordo com Pedro Paulo, a Psicologia das Emergências e Desastres ainda é pouco trabalhada nas universidades, devido à recente discussão do tema no Brasil e a existência de currículos com “disciplinas, programas e ementas engessadas, que não permitem criação de novas discussões”.
“Sou professor universitário há oito anos e somente agora, com minha entrada na UFRJ, foi possível levar o tema para a academia. Minha disciplina possui 40 vagas e é sempre um sufoco para os alunos conseguirem vagas. Estou confiante de que o tema está em franca expansão e de que em breve esta será uma das áreas emergentes da Psicologia”, diz o Conselheiro do CRP-RJ.
Marcus Vinícius afirma que o CFP, em convênio com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, promoverá, ainda no primeiro semestre deste ano, cursos de capacitação à distância, que formarão 1500 profissionais, que receberão tratamento básico preliminar. Mais informações estarão disponíveis no site do Conselho Federal.
Texto: Jean Souza
19 de março de 2007