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Evento preparatório em Campos discute compromisso político e ética profissional do psicólogo


Data de Publicação: 13 de fevereiro de 2007


O CRP-RJ realizou, em Campos dos Goytacases, no último sábado, 10 de fevereiro, mais um evento preparatório para o VI Congresso Regional de Psicologia (COREP), que acontece em maio deste ano. O evento teve como objetivo esclarecer aos psicólogos o processo de eleições para o Sistema Conselhos, que será realizado em agosto. Foi também realizada uma oficina, que estimulou o debate em torno de questões sobre Ética e Direitos Humanos.

Participaram do evento em Campos, José Novaes, Conselheiro-Presidente do CRP-RJ; Cecília Coimbra, Conselheira da Comissão de Direitos Humanos; Nélio Zuccaro, Conselheiro da Comissão de Saúde e Ana Lúcia Furtado, Conselheira da Comissão de Orientação e Ética (COE).

Os conselheiros explicaram o funcionamento das eleições para o Sistema Conselhos de Psicologia, enfatizando a necessidade de maior participação por parte dos psicólogos em situações como o COREP e o Congresso Nacional de Psicologia, onde são definidas resoluções que incidem diretamente sobre a prática do profissional psicólogo.

Cecília Coimbra enfatizou que, no Rio de Janeiro, muitos psicólogos ainda não têm conhecimento do processo de participação proporcionado pelo Sistema Conselhos. Segundo ela, a situação do Rio é muito diferente de outros estados, como no Rio Grande do Sul, por exemplo, onde há maior participação nos processos deliberativos por parte dos profissionais: “Este é um processo importante. Eu gostaria de frisar a necessidade de participação, através da inscrição de teses. Acho que isso não é uma questão burocrática, é uma questão política importantíssima para a nossa profissão”, disse Cecília.

Os conselheiros José Novaes e Nélio Zuccaro também destacaram questões sobre o processo eleitoral deste ano. Novaes destacou o caráter democrático das eleições para o Sistema Conselhos, baseado em várias etapas, como a inscrição de teses para a intervenção na prática profissional, a realização de pré-congressos e a formação de chapas para a escolha de delegados regionais. Nélio ressaltou a importância da inscrição de teses: “Às vezes, no cotidiano, cada um tem sua tese, mas acaba não operacionalizando tal idéia, acaba não compartilhando com os colegas a sua motivação”. O debate em torno de questões políticas continuou com a realização da oficina “Ética para além das normas”, que discutiu uma série de questões envolvendo o dia-a-dia do psicólogo. Foram debatidos temas como a inserção do psicólogo em movimentos sociais, os limites e conflitos éticos nas relações entre clientes e terapeutas, a elaboração de laudos e a psicologização de práticas escolares. Os presentes apresentaram, ainda, questões como a intervenção de crenças religiosas no trabalho do terapeuta e métodos de avaliação psicológica.

Outra questão amplamente discutida na oficina foi a existência de uma possível neutralidade na prática profissional. Os psicólogos questionaram se havia possibilidade, na profissão, de dissociação entre técnica e política nas práticas psi. Para Cecília Coimbra, o psicólogo jamais tem um trabalho desvinculado de ideologia: “Nós, como psicólogos, temos um lugar de poder muito grande na sociedade. É necessário termos um pouco de clareza sobre esse lugar que ocupamos. A gente tem um lugar já instituído — o que pode levar à indução, à uma influência sobre o paciente”, afirmou Cecília.

Código de Ética

Durante a oficina “Ética para além das normas”, foram discutidos pontos importantes do Código de Ética Profissional do Psicólogo. José Novaes citou o Artigo 2º do Código, lembrando ser vedado ao psicólogo a indução de convicções de ordem religiosa, de orientação sexual e ideológica, entre outras, sobre o paciente. De acordo com Nélio Zuccaro, muitos profissionais não atentam para os princípios presentes no Código: “O psicólogo pula logo para os artigos, ele não atenta para os Princípios Fundamentais presentes no Código, que são igualmente importantes”, criticou o psicólogo.

Nélio ressaltou que as oficinas funcionam como espaço para discussão de questões voltadas para a prática. Ele afirma que os eventos devem funcionar como uma “conversa”, destacando o caráter orientador, mais que fiscalizador do CRP-RJ e da Comissão de Orientação e Ética.

Texto: Jean Souza

13 de fevereiro de 2007