O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), por meio da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnicos-Raciais, promoveu, no dia 17 de setembro, o evento “Psicologia na Contra-Colonialidade em Seropédica”, para profissionais e estudantes de Psicologia.
A atividade foi realizada no Auditório Hilton Salles da UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, localizada na Zona Rural de Seropédica–RJ.
Foram discutidos assuntos como a falta de aprendizado sobre a população negra em espaços acadêmicos e a contribuição do Estado nas desigualdades sociais.
Para assistir às palestras na íntegra, acesse o canal oficial do CRP-RJ no YouTube @realCRPRJ.
Abertura Institucional
A mesa de abertura institucional contou com Vanderson, Bruno Rosa (CRP 05/67901), membro da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-raciais do CRP-RJ, Viviane Martins (CRP 05/32170), vice-presidenta, colaboradora da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-RJ, psicóloga no SUAS por mais de 20 anos, especialização em gênero e sexualidade/UERJ, coordenadora de Programa e Projetos do Instituto ObservaSUAS, Yvanna Brito (CRP 05/66298), psicóloga formada pela Universidade Veiga de Almeida, pós-graduanda em terapia cognitivo-comportamental, colaboradora da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico Raciais, Comissão de Instrução e Comissão Gestora da Subsede Baixada Fluminense do CRP-RJ e Cláudia Ferreira (CRP 02/19503), membro da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico Raciais do CRP-RJ.
Vanderson agradeceu a vinda do CRP-RJ na UFRRJ e sinalizou a importância dessa vinda para os alunos que lotaram o auditório. A eles, Vanderson também deixou seu agradecimento.
Bruno Rosa falou o como era gratificante ver o auditório cheio de pessoas interessadas em uma Psicologia anti colonial. Ele também apresentou a Comissão de Relações Étnico Raciais do CRP-RJ e comentou que a Comissão nasceu de um Grupo de Trabalho que falava sobre o tema em 2009.
Yvanna Brito apresentou a Comissão Gestora da Baixada, ao qual ela é integrante. Ela também falou do nascimento em 1994 da Subsede e da formação da Comissão de Estudante Núcleo Baixada que vêm cada vez mais se aproximando dos estudantes da região.
Viviane Martins agradeceu a Universidade Rural e aos estudantes presente pela acolhida e presença. Falou sobre a descentralização, a importância do CRP-RJ estar pressente onde as(os) profissionais estão se formando, sobre a garantia de direitos ser a espinha dorsal da Psicologia e a pauta étnico racial precisando estar sempre presente na Psicologia no país onde a maioria das pessoas se autodeclara negras.
Mesa 1: A Psicologia na Contra-Colonialidade na Baixada Fluminense
A primeira mesa teve o tema “A Psicologia na Contra-Colonialidade na Baixada Fluminense” sendo mediada por Cláudia Ferreira (CRP 02/19503), membro da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico Raciais do CRP-RJ.
A palestrante convidada desta edição, foi a gestora ambiental Andressa Dutra, mestre em ecoturismo e conservação, coordenadora de mobilização institucional do Instituto Mirindiba, coordenadora de pesquisa do Instituto BXD, e educadora em comunidades de pesca em Magé.
Cláudia Ferreira abriu a mesa explicando a conexão entre o nome do evento e o conceito desenvolvido por Nego Bisco, segundo o qual os povos quilombolas não se viam como colonizados, mas sim como contra-colonizadores. Ela ressaltou que o evento representa uma oportunidade valiosa para expandir o conhecimento e promover discussões sobre a Psicologia antirracista.
A gestora ambiental Andressa Dutra apontou que a contra-colonialidade significa não aceitar as desigualdades impostas pelo Estado. Ser contra é romper a didática de controle imposta pelo racismo, no qual ensina grupos minoritários a terem medo futuro, pois suas vidas são incertas. Dutra também falou sobre a importância de racionalizar debates pelos motivos de ser um tema que se relaciona com a sobrevivência das pessoas, o Brasil ter sido o último país das Américas a abolir a escravidão, ter a maioria população sendo negra e a concentração de pessoas quilombolas e indígenas nas favelas.
Mesa 02 – Epistemicídio e racismo na Psicologia
Com o tema “Epistemicídio e racismo na Psicologia”, a segunda e última mesa do evento foi mediada pelo psicólogo Thiago Rodrigues (CRP 05/50505), coordenador da subsede Baixada e Coordenador da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais da CRP-RJ.
Participaram da mesa Vitória Abreu, estudante de Psicologia na UFRRJ, bolsista da 5ª edição do programa do CEERT, integrante do grupo de Pesquisa e Estudos em Relações Étnico-Raciais em Educação (PERERÊ UFRRJ), e estagiária no Laboratório de Estudos e Violência Contra Crianças e Adolescentes (LEVICA) e Luana Galoni (CRP 05/56394), supervisora clínica em TCC, professora substituta em Psicologia da educação na UFRJ, doutoranda em Psicologia pela UFRRJ, pós-graduanda em infância, juventude e família pela FEMPERJ, membra ABPN e ANPSINEP, escritora e produtora cultural.
O mediador Thiago Rodrigues destacou a escolha da universidade como local do evento para evidenciar a falta de estudo e discussão sobre autores negros nos espaços acadêmicos, especialmente no contexto da formação dos estudantes.
Vitória Abreu contextualizou a abolição da escravidão, descrevendo a luta da população negra por pertencimento no Brasil. Ela também alertou para a ausência de pessoas negras nos espaços acadêmicos e questionou as razões para a academia ainda não ter estudado adequadamente a psique da população negra. Além disso, comentou algumas disciplinas focadas em temáticas raciais oferecidas na universidade e apontou a falta de participação de pessoas brancas nesses espaços.
A psicóloga Luana Galoni questionou se há algum conhecimento brasileiro que não tenha sido influenciado pela contribuição de pessoas negras e que o colonizador estuda o colonizado com uma mentalidade colonizadora. Galoni apresentou dados sobre o impacto positivo das leis de cotas no aumento de estudantes negros nas universidades, mas também apontou as dificuldades que eles enfrentam na ascensão.