Levando em consideração que, infelizmente, casos de racismo no futebol já acontecem com frequência e que ultimamente estão sendo mencionados e trazidos pela grande mídia, o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, no uso de suas atribuições, vem a público através desta nota, deixar nítido que racismo existe e compreende práticas e discursos que ameaçam, impedem e desqualificam a presença de pessoas negras nos esportes como um todo, mas principalmente no futebol, hoje esporte mais popular do Brasil e do mundo, cuja história não pode ser escrita sem a presença de jogadores negros, a citar: Pelé.
Salientamos ainda que certas comparações não são feitas com o objeto de qualificar os sujeitos, como insinuado, por um político brasileiro que sinalizou que os macacos são inteligentes, ágeis, valentes e alegres e que se diferem dos humanos apenas pela presença do rabo, elas visam, como já citado, desqualificar e desumanizar às vítimas a partir da cor da sua pele.
Essas práticas de racismo configuram processos de violência psicológica, simbólica e (muitas vezes) físicas, produzindo inúmeros agravos à saúde mental, além de propagar desinformação fomentar ódio, ocasionando a manutenção dos mecanismos subjetivos que sustentam o racismo e suas práticas violentas. Desta forma, como profissionais de Psicologia, devemos nos atentar para esses efeitos psíquicos danosos nas existências e pautar nossa atuação profissional de forma ética, técnica e antirracista como previsto no Código de Ética da Profissional Psicóloga (https://site.cfp.org.br/…/codigo-de-etica-psicologia.pdf).
A categoria conta com importantes documentos de base orientativa elaborados no âmbito do CREPOP que apresentam possibilidades de atuação tanto, campo esportivo através das Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas de Esporte (https://site.cfp.org.br/…/Esporte_24_setembro_FINAL_WEB…) como as Referências Técnicas na esfera das Relações Raciais (https://site.cfp.org.br/…/2017/09/relacoes_raciais_web.pdf). Além dos referidos textos, a obra “Psicologia Brasileira na Luta Antirracista”, uma realização da Campanha Nacional de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia 2020-2022: “Racismo é coisa da minha cabeça ou da sua?” está disponível para download no site do CFP (https://site.cfp.org.br/…/VOLUME-1-luta-antirracista…).
Ademais, a resolução 18/2022 se torna um importante instrumento avaliativo que regulamenta quais práticas são consideradas psicológicas ou não, protegendo a categoria e sobretudo os usuários de intervenções sem embasamento epistemológico, científico e ético, algo comum no contexto dos esportes dada a sua dimensão econômica e cultural.