CRP-RJ | LANÇAMENTO DO E-BOOK ‘A CLÍNICA E SUAS PRÁTICAS: DISCUSSÕES TRANSVERSAIS SOBRE UM FAZER AMPLIADO’ OCORRE NA SEDE DO CRP-RJ, NO DIA 16 DE MARÇO

A publicação traz discussões sobre a atuação da Psicologia na área clínica, para além da concepção clássica, e suas interfaces em diferentes contextos

O CRP-RJ lançou, em evento presencial aberto ao público, o e-book “A Clínica e Suas Práticas: Discussões Transversais Sobre Um Fazer Ampliado”, organizado pela Comissão Especial de Psicologia Clínica, no auditório da sede, no Centro do Rio, no dia 16 de março.

A Comissão Especial de Psicologia Clínica foi instituída pelo XVI Plenário, formada por Julia Horta Nasser (CRP 05/33796), Ágnes Cristina da Silva Pala (CRP 05/32409), Cristiane Moreira da Silva (CRP 05/30237), Mirelli Aparecida Neves Zimbrão (CRP 05/ 63909) e Daphne Malher Corrêa (graduanda em Psicologia pela Universidade Católica de Petrópolis).

A obra “intenta a produção de discussões para além da concepção clássica da Psicologia clínica, vinculada à psicoterapia individual ou de grupo e trabalha as demandas de forma histórica. É um fazer que se afasta de um modelo médico, de fazer clínico e visa compreender e intervir nos problemas e nas questões do sujeito.’’ – Introdução, página 7.

Construído por capítulos de diferentes temáticas, o e-book deixa a (o) leitora livre para escolher o melhor caminho de leitura.

MESA INICIAL

O lançamento contou com a presença de Márcia Alves Tanssinari (CRP 05/1718), psicóloga especialista em Psicologia Clínica, com mestrado e doutorado na área, professora aposentada, sócia fundadora do Projeto Conexão Formativa, psicoterapeuta e autora de vários livros e artigos, na mesa de abertura com o tema “Clínica ampliada”.

Contente por voltar ao CRP-RJ, Márcia, que participou da gestão do Conselho há 20 anos,

falou sobre a importância do diálogo e das reflexões contínuas que pertencem à área da clínica ampliada e clínica política. “Eu fico entusiasmada por acompanhar e ser testemunha de mudanças ocorridas na própria ciência da Psicologia, na sociedade brasileira, nas políticas públicas e no Conselho Regional e Federal. Vejo caminhos se desdobrando em benefícios à sociedade, um pouco menos injusta.’’

Márcia também lembrou que durante muito tempo a ideia de Psicologia clínica era sinônimo de psicoterapia. “Psicologia clínica precisa ter uma dimensão avaliativa e uma dimensão de atividade individual focada na subjetividade dos problemas intrapsíquicos, isolando as questões e atravessamentos sociais, familiares e políticos”, pontuou.

A palestrante chamou profissionais e estudantes a repensar a clínica clássica e refletir em uma alternativa para o atendimento psicológico para além da psicoterapia, pois “muitas pessoas precisam de atendimento psicológico, mas nem todas precisam de psicoterapia.”

Em seguida, foi a vez de Julia Nasser falar sobre a criação da Comissão Especial de Psicologia Clínica e sobre a construção da obra. “Foi entendido que seria interessante criar uma Comissão de Clínica para trabalhar de forma ampliada e transversal os temas discutidos no GT*, bem como outros grandes temas da Psicologia. Foi também por esse motivo, que nos fez produzir esse e-book em conjunto com outros Núcleos, Eixos e Comissões do CRP, para orientação à categoria.”

*Grupo de Trabalho criado em 2019 com objetivo discutir sobre a atualização da Resolução CFP n° 10/2000 que versa sobre a Psicoterapia como prática da Psicologia e finalizado na gestão passada. Julia Nasser participou do GT representando a Região Sudeste.

MESA DE LANÇAMENTO

A mesa de lançamento contou com autoras de alguns artigos/capítulos que falaram um pouco sobre sua produção.

“A Psicologia Além de Quatro Paredes: A Interface entre a Clínica e o Sistema de Garantia de Direitos da Infância e Adolescência’, foi escrita por Thais Vargas Menezes (CRP 05/33228), psicóloga, servidora do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE) e da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de Itaguaí; Luciana Janeiro (CRP 05/37932), psicóloga na Defensoria Pública do RJ, atuante na Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescentes; e Luana Luiza Galoni (CRP 05/56394), psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que não pôde estar presente.

Thaís ponderou sobre os desafios de contribuir com o capítulo do livro pensado a partir do Eixo de Infância e Juventude do Conselho. Ela falou sobre a clínica nesses espaços e sobre a perspectiva acerca do que pode ser feito além da clínica tradicional. ‘’A clínica que cabe para esses espaços é transversal, ampliada e de equipe ampla. O objetivo do artigo foi falar sobre o grande trabalho multidisciplinar e mostrar a importância dos psicólogos que trabalham na rede de proteção da criança e juventude. Além de contribuir para orientação dos psicólogos de fora da rede de proteção, que eles possam ter o conhecimento sobre os acessos e encaminhamentos na rede.”

Já Luciana, também autora deste capítulo, recordou que o artigo foi escrito a partir do que as autoras sentiram no decorrer do trabalho: “foi praticamente uma partilha de angústias que se aliviaram em forma de escrita. Fomos levantando questões da prática e de colegas atuantes da rede privada que chegavam a nós fazendo questionamentos sobre como atuar com crianças e adolescentes sem conhecer a garantia de direitos e sem conhecer as políticas públicas”.

A autora do artigo “A escuta de adolescentes que sofrem violência no Sistema Socioeducativo”, Ana Claudia Camuri (CRP 05/37443), doutora em Psicologia social e professora adjunta do departamento de Psicologia da UFF; em parceria com Graziela Contessoto Sereno (CRP 05/ 30279), psicóloga, mestre em Psicologia (UFRJ), que estava na plateia, falou que a publicação é um resultado de anos de trabalho como psicóloga e militante do assunto. O artigo foi feito com toda singularidade, marcas e experiências dos lugares de ação onde as duas autoras passaram.

A leitura possui um conjunto de casos detalhados de meninas que sofreram violações de direitos no Sistema Socioeducativo. Cláudia falou sobre a impotência como profissional e psicóloga nessa situação, “me fez ver que não podemos trabalhar apenas as normas e leis que garantem direitos a eles, pois, muitas vezes não servem para nada e se tornam mais um caso de violência de estado.”

A mediação ficou a cargo de Ágnes Cristina da Silva Pala (CRP 05/32409), psicóloga, mestre em Psicologia pela UFF (2008), especialista em Psicossomática e Cuidados Transdiciplinares com o Corpo pela UFF (2013) e em Psicologia Clínica Fenomenológica-Hermenêutica pela Universidade Santa Úrsula (2019). Professora, Orientadora de Monografia e Supervisora de Estágio na Faculdade Maria Thereza (FAMATh); e colaboradora da Comissão Especial de Psicologia Clinica e conselheira do CRP-RJ.