Entre os dias 17 e 19 de outubro, em Brasília, o Conselho Federal de Psicologia promoveu o evento “Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos: Ética, Saberes Ancestrais E Os Caminhos Para Atuação”. A iniciativa é destaque não somente no Brasil, mas no mundo, e dá à Psicologia brasileira lugar de destaque no avanço do conhecimento sobre saberes e práticas relativas às terapias canabinoide e psicodélica.
Entre as(os) palestrantes, havia lideranças indígenas, pesquisadores do campo das neurociências e psicólogas que já atuantes que compartilharam seus trabalhos e conhecimentos acerca da temática.
Neste contexto, a presença do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), representado por Thaís Sâmela Catro de Moraes (CRP 05/60745), colaboradora do Eixo Maconha e Psicodélicos, junto a colaboradora Débora Dottori Finocchi (CRP 05/33937) e o estudante colaborador do Eixo, Gabriel da Silva Pereira, demonstrou-se um envolvimento expressivo dos colaboradores do Rio de Janeiro que se mobilizaram e puderam estar presentes em Brasília, sendo alguns destes convidados para compor as mesas, como os psicólogos Fernando Rocha Beserra (CRP 05/37795) e Lauro Rodriguez de Pontes (CRP 05/26654).
A nova onda de estudo sobre os psicodélicos e “práticas pioneiras de 5000 anos atrás” protagonizaram o debate. As substâncias diversas encontradas na natureza, a baixo custo, fomentou a discussão ao entorno da possibilidade do uso terapêutico de substâncias psicoativas no Sistema Único de Saúde (SUS), visto que determinadas substâncias são encontradas de forma abundante em território nacional. Ademais, foi enfatizado em diversas mesas realizadas no decorrer do evento, a importância da Psicologia brasileira se apropriar do debate da maconha, elencando nos diversos produtos em que a planta pode se transformar, para além dos óleos medicinais, temos roupas, materiais de construção de alta durabilidade, que poderiam substituir o plástico em diversas formas. Os convidados das mesas deixaram evidente o cuidado a ser tomado com o mercado, que busca se apropriar da maconha e dos psicodélicos em prol das grandes indústrias, visando apenas o lucro.
Por Fim, o evento foi encerrado com uma fala inspiradora do presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho (CRP 05/26077), ao dizer que foi muito criticado ao utilizar o nome “maconha” para tratar do assunto, dessa forma, gerando um certo incômodo, enfatizando o posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia, evidenciando a política antimanicomial, antiproibicionista, sempre em prol dos direitos humanos, logo, Pedro reforça, “continuem!”.
Este encontro promoveu integração entre os diversos conselhos que trabalham a temática em todo o Brasil, compreendendo os entraves na política de drogas no Brasil e em outros países. Diversas reflexões foram produzidas e discutidas nos fóruns do evento, no que diz respeito ao uso de substâncias, construiu-se o pensamento: se as pessoas usam substâncias em seus mais diversos contextos, afinal, como o uso recreativo pode ser separado do uso medicinal?
O congresso produziu um espaço pressuposto o qual proporcionou pensar novos possíveis após tanto tempo sem pesquisas na área psicodélica.