Na noite do dia 24 de março de 2022, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro ficou azul para homenagear a Psicologia brasileira: tal reconhecimento veio concretizado na homenagem prestada ao conselheiro presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Bicalho (CRP 05/26077), que recebeu a maior honraria da casa, o conjunto de medalhas Pedro Ernesto. Moções de congratulação e reconhecimento ao Conselho Federal de Psicologia e ao CRP-RJ também foram entregues, no Plenário do Palácio Pedro Ernesto.

Com o plenário da Câmara lotado de psicólogas e psicólogos, professores e alunas (os) de Pedro, foi emocionante participar desta noite de comemoração para a Psicologia. A solenidade pública homenageou os 60 anos da regulamentação da profissão no Brasil.

O vereador Reimont Luiz Otoni Santa Barbara coordenou a sessão, na qual Ângela Soligo, professora da Universidade Estadual de Campinas, foi a primeira a falar: “nos pródigos anos da retomada da democracia no país, nosso Sistema Conselhos e o Conselho Federal de Psicologia, por meio de suas gestões, assumiu o importante papel de orientar e normatizar o fazer psicológico e se pautar pelos direitos humanos, pela ética do cuidado. Não o cuidado corporativista, mas o cuidado que protege nossa gente (…) e expressa a relevância de nossa profissão”.

Virgínia Kastrup, professora de pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, contou um pouco sobre a trajetória de Pedro Paulo na Psicologia, militante de lutas tão caras e importantes. “Com a sua inteligência muito afiada, Pedro construiu uma carreira muito bonita, muito consistente, coerente e plena de lutas políticas, trabalhando muito para uma Psicologia cada vez mais avançada no Brasil (…). Impossível não lembrar o incansável trabalho do Conselho Federal de Psicologia e do próprio Pedro Paulo na luta, que acabou vitoriosa, contra a chamada ‘’cura gay’’.

Rogério Giannini, que foi conselheiro presidente do Conselho Federal de Psicologia, ressaltou que “Pedro é um sujeito que a Psicologia construiu, essa Psicologia que a gente luta, e o Pedro retribui isso ajudando a construir a Psicologia brasileira que queremos. Ele a constrói no dia a dia, e é um privilégio estarmos juntos”.

Companheira na gestão do CRP-RJ, Céu Silva Cavalcanti (CRP 05/57816), falou emocionada: “Eu posso agradecer a Pedro, em nome da plenária, por ter nos inspirado a uma ação ativa ou à um movimento de atividade e criação constante durante esses três anos que compartilhamos a tarefa e o desafio de estar no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro. Pedro nos mostrou que luta é feita com alegria e é assim que seguimos”.

Ana Sandra Nóbrega (CRP 13/5496), conselheira presidente do Conselho Federal de Psicologia, não conteve a emoção por falar no mesmo plenário que foi ocupado por Marielle Franco (vereadora assassinada em uma emboscada, junto com seu motorista daquela noite, Anderson Pedro Gomes, em 14 de março de 2018). “Muitas são as nossas lutas, porque muitas são as dívidas da história e do estado brasileiro com a gente(…). Se olharmos para a história recente do nosso país, veremos que os grandes movimentos de resistência e de transformação social também contaram com a ampla participação de psicólogas e psicólogos e isso expressa, com muita precisão, nossa capacidade enquanto agentes sociais de, efetivamente, provocar mudanças em nosso país”.

O principal homenageado da noite, Pedro Paulo Bicalho, falou “eu, aqui, represento muita gente que têm trabalhado para construção e transformação da Psicologia nesse país, dessa psicologia que verdadeiramente faz sentido para aqueles e aquelas que entendem que a nossa profissão só faz sentido se for uma profissão em prol do enfrentamento de todas as opressões”.

“Hoje é também uma homenagem aos 60 anos da Psicologia brasileira, mas o que é afinal que estamos comemorando hoje? Eu arrisco dizer que a comemoração não é relacionada ao 27 de agosto de 1962, dia em que João Goulart assinou a lei que regulamentava nossa profissão. A comemoração é do que a gente fez com essa profissão! A comemoração não é da assinatura a 60 anos atrás, mas é sobre o que aconteceu a partir disso. Nós transformamos a Psicologia desse país. Nós avançamos. Nós descolonizamos a Psicologia. Não precisamos mais ler somente autores do Hemisfério Norte. Nós lemos uns aos outros. Não se faz uma Psicologia descolonizada sem pensar o quanto o racismo, o machismo e a LGBTIfobia nos atravessa nesse país. Portanto é dessa Psicologia que é a comemoração do dia de hoje”, discursou, contundente, Pedro Paulo.

De fato, essa é a Psicologia que tanto nos orgulha, uma profissão compromissada ética e socialmente.

E esse é o presidente e profissional que nos orgulha: generosamente, Pedro Paulo Bicalho compartilhou sua homenagem, não somente com psicólogas e psicólogos, mas inclusive com funcionárias e funcionários do CRP-RJ, que foram citados nominalmente na cerimônia.

Sobre a Medalha Pedro Ernesto

A Medalha de Mérito Pedro Ernesto foi instituída por meio da Resolução nº 40, em 20 de outubro de 1980. Ela é considerada a principal homenagem que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro presta a pessoas que se destacam na sociedade brasileira ou internacional.

A honraria é composta por um conjunto de duas medalhas que receberam esse nome, assim como o próprio Palácio onde habita a Câmara Municipal, em reconhecimento ao trabalho do prefeito Pedro Ernesto, na cidade do Rio de Janeiro.

Pessoas que já receberam a medalha: Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros (Homenagem póstuma ao ator); Marta Vieira da Silva (Jogadora de futebol); Desembargador Henrique Carlos Figueira (Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro); Orquestra Maré do Amanhã; Doutora Nísia Trindade Lima (Presidente da Fundação Oswaldo Cruz); atriz Regina Casé; escritora Conceição Evaristo; Papa Francisco; o então deputado Jean Wyllys; entre outras. E agora, com muito orgulho, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, psicólogo e professor.